Azuizinhos, vermelhinhos e o confronto inútil e despolitizado

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O fim de semana promete tensão e conflito. Manifestações pró e contra o governo estão marcadas e, desde o panelaço de domingo passado, o País parece estar ainda mais dividido, os ânimos mais acirrados.

O problema é que a discussão existe, mas de forma contaminada. Ou fulano é bonzinho como joãozinho, ou mau como o pica-pau. Típica discussão binária, infantil. Muita gente falando, mas pouca gente se informando de fato para encontrar melhores maneiras de resolver as questões. Defender o atual governo com a justificativa de que “os outros também roubam” é atraso, é pensar na manutenção de um projeto de poder furado. Por outro lado, discutir impeachment sem base legal, sem algum fato comprovado que envolva a presidenta, é desconhecer o significado da palavra democracia. É golpe mesmo. Só lembrar um pouco de 1964.

Tá cansado de corrupção? Eu também, mas achar que esses problemas se resolvem no grito, me desculpe o termo, é pura ignorância. Corrupção é um problema que se combate com ideias, com uma estrutura legal que permita punir rapidamente os corruptos e os corruptores, com regulamentações sérias em todas as esferas de poder. Por que em vez de perder tempo com debate raso, a gente não pressiona para que se vote logo a lei que proíbe a doação de empresas para campanhas eleitorais? Só esta lei minimizaria o problema de caixa 2, de licitações fraudulentas, de compra de votos e aparelhamento do Estado, com potencial para reduzir a necessidade de futuras operações Lava Jato

Por que não lutamos (de verdade) para impor uma discussão séria sobre reforma política? Por que não cobramos também que o vereador, o deputado estadual, prefeitos, deputados federais, senadores e governadores cumpram seu papel e formulem políticas públicas que interessem mais à população? Dá trabalho, né?

Na minha opinião, a sociedade brasileira está dando um baita exemplo de ignorância e de retrocesso ao levar para frente esse confronto fútil entre azuizinhos e vermelhinhos. Ninguém para pra pensar que tem alguém lucrando com esse bate-boca que não leva a lugar nenhum, que essa divisão da população não é espontânea, é estimulada. Enquanto brigamos por motivos inúteis, tem gente lucrando, viu? E pode ter certeza que não somos nós.